>> Fotografias João Bacelar, Sal Nunkachov, Joana Van Hellemond e Maria Rita Barreto

 

BACKSTAGE l 8 DE MARÇO

 

 

EM CONVERSA COM:

 

CATARINA SEQUEIRA (SAYMYNAME)

 

ModaLisboa - Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Catarina Sequeira - Liberdade de expressão.

 

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionada por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

- Sinto-me condicionada, mas isso serve-me de orientação e dá-me um propósito, a partir daí qualquer fonte de inspiração é válida.

 

- Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?

- A moda é um negócio.

 

- Quais as suas propostas para o inverno 2013?

- Para o próximo inverno proponho top’s em formas oversize com grandes ombros e algumas inspirações nos Kimonos num look descontraído e confortável, casacos com solidez de uma armadura, saias de linha evasé abaixo do joelho, assimetrias em blocos de cor e cortes que saltam para as laterais em formas inteligentes.

Materiais - feltro tecnológico 3D, nylon, malhas nervuradas e fofas, tecido em franjas allover, jersey com tratamento de cobre à superfície.

Cores predominantemente acobreadas, ocre, preto, cinza mescla e lavanda.

 

 

 

 

PEDRO NORONHA (WHITE TENT)

 

ModaLisboa - Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?
Pedro Noronha - É um tema que de forma muito literal nos remete para a liberdade, um dos conceitos mais debatidos da génese humana. Neste aspeto específico, o desprendimento de valores ideológicos; a soltura conceptual e a habilidade de pensar por si são possíveis interpretações.

 

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionado por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

Como designer, tenho a condicionante de criar para pessoas reais, com necessidades reais, sem negligenciar o aspeto fundamental da funcionalidade. O processo de criação, independentemente da área, tem sempre uma certa dose de liberdade implícita, caso contrário o pensamento artístico deixaria de ser intuitivo e o resultado certamente não seria tão rico.

 

- Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?

Aprendi muita coisa. Mas sobretudo, que as pessoas têm que ser humildes, e aproveitar todas as oportunidades que lhes aparecem. É fundamental criar uma boa rede de contatos, ser simpático com as pessoas, saber ouvir, criar empatia. Ter a capacidade e a predisposição para aceitar desafios que podem não ser os idealizados, mas que eventualmente abrem portas para o futuro.

 

- Se fosse convidado a criar um monumento para “amantes de moda” como seria?

Já existe, é o edifício da Prada em Aoyama, Tóquio!

 

-  Quais as propostas White Tent para o inverno 2013? 

A coleção inverno 2013 desenvolve-se através do recurso a sobreposições, cortes e jogos de proporção com peças que pertencem ao quotidiano de todos. A malha Jersey é o material de eleição para a estação. Esta surge ao lado de materiais metalizados em tons cobre e azul marinho, em combinações e detalhes contrastantes embora understated. Convidamos a visitar a nossa loja online, no site www.white-tent.com onde a nova coleção vai estar disponível.

 

 

 

 

LIDIJA KOLOVRAT

 

ModaLisboa - Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Lidija Kolovrat - Podemos interpretá-lo como algo absolutamente fútil. Mas na realidade as coisas livres (ou não) em tudo dependem da liberdade que se sente para se poder fazer as coisas (mais ou menos) interessantes. Sendo assim, e encarando a ModaLisboa como uma plataforma de projeção do trabalho de moda portuguesa, os designers e quem observa o seu trabalho devem sentir que existe liberdade entre aquilo que fazem e o que se espera ver.

 

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionada por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

Na realidade o que são tendências? Não mais do que presença do tempo a passar pela nossa vida. É aquilo que não nos permite estar eternamente presos ao passado. Neste ponto de vista, as tendências não me condicionam, são um canal condutor de inspiração. 

 

Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?

Podem ser várias, não sei se aprendi efetivamente uma em concreto. Mas cada vez dou mais importância ao saber separar o negócio da criatividade.

 

- Se fosse convidada a criar um monumento para “amantes de moda” como seria?

Poderia criar muitas coisas, dependendo do dia ou da noite… Um carro, um sapato (como aconteceu ainda ontem…), lençóis, objetos, enfim que não sejam de absoluta necessidade mas que o pudessem “transportar”. Qualquer objecto, qualquer acessório, peças de vestuário… no meu ponto de vista o que interessa criar é aquilo que possa inspirar as pessoas, gerar pontos de inspiração.

 

- Quais as suas propostas para o inverno 2013? 

Tentar somente o bom gosto é algo muito aborrecido. Dar espaço à liberdade, ser diferente e único, explorar o nosso corpo e as formas que nos rodeiam.

 

 

 

 

LUÍS BUCHINHO

 

ModaLisboa - Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Luís Buchinho - Gosto do termo! Acaba por resumir aquilo que é o nosso trabalho – a liberdade de expressão, a afirmação do nosso “EU” enquanto designer – conseguido geralmente depois de transpor uma prisão de condicionantes…

 

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionado por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

Total liberdade, tendo em conta um corpo feminino que gosta de ser valorizado.

 

- Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?

Sem trabalho, esqueçam. E sem vendas, nem se fala.

 

- Se fosse convidado a criar um monumento para “amantes de moda” como seria?

Não criava, não faz parte do meu imaginário.

 

- Quais as suas propostas para o inverno 2013?

A proposta é inspirada pela calçada portuguesa, em grafismos que percorrem de vários modos todas as peças da coleção. Este tema base inspirou tudo: os estampados, as cores (preto/tons prata/azuis), os cortes geométricos, etc., numa proposta urbana e feminina.

 

 

 

 

 

 

BACKSTAGE l 9 DE MARÇO

 

 

EM CONVERSA COM:

 

VÍTOR BASTOS

 

ModaLisboa - Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Vítor Bastos - Freedom é tudo, e isso chama-me bastante a atenção. A liberdade que às vezes até pode assustar, seduz-me especialmente para esta estação. Virei o meu processo de trabalho de pernas para o ar e sinto adrenalina do Freedom!

 

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionado por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

Baseio o meu trabalho na comunicação, não sou seguidor de tendências mas a comunicação a todos os níveis é essencial no processo de trabalho. E sendo a comunicação a ponte entre duas ou mais pessoas, sou influenciado por todos os fatores, a minha liberdade é a conversa com público, a minha liberdade é permitir-me ser afectado por tudo e todos.

 

- Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?

Tantas! A maior talvez ainda não esteja completa, mas vou aprendendo.... a paciência!

 

- Se fosse convidado a criar um monumento para “amantes de moda” como seria?

Uma guilhotina de ouro! Cravejada de cristais, rubis e tudo que há direito do mais cheesy!

 

- Quais as suas propostas para o inverno 2013?

Trabalho a minha coleção no âmbito da celebração da vida, que muitas vezes só aparece na hora da morte. Desde o luto às marcas que a vida causa, passando por ideias que morreram ou que parecem ter morrido. Quase como a preparar o meu próprio funeral, em homenagem a Marina Abramovic, apresento uma coleção maioritariamente preta que reflete o trabalho anterior, Rrom S/S 2012,  apresentando a história como forma e a forma com história.

 

 

 

 

KATTY XIOMARA

 

ModaLisboa - Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Katty Xiomara - A pura liberdade seria conseguir pôr a mente em branco e deixá-la fluir. Com certeza é das coisas mais difíceis de se fazer.

 

-  Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionada por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

As “limitações” criativas são-nos impostas inconscientemente. Estão lá, sejam elas económicas, culturais, sociais, políticas, etc., só não nos damos conta quais e como se manifestam.

 

- Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?
Tirar o maior partido dos erros cometidos, incrivelmente aprendemos muito com eles, mas dificilmente os assimilamos na altura certa.

 

- Se fosse convidada a criar um monumento para “amantes de moda” como seria?

Uma caixa de espelhos.

 

- Quais as suas propostas para o inverno 2013?

Esta coleção tenta desvendar a alma do futuro, mas não pode ser considerada uma coleção futurista, não no sentido particular da ciência ficção. É uma coleção bastante limpa que joga com feminilidade de uma forma prática, abusando dos blocos de cor e da reconstrução das peças.

 

 

 

 

DINO ALVES

 

ModaLisboa -  Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Dino Alves - Já o disse em algumas entrevistas: "ser criativo é ser livre!". Este é o meu lema enquanto criador. Nunca gostei de espartilhos e nunca usei fórmulas nem regras para criar o que quer que seja. O facto de não ter feito curso de estilismo, mas sim de Artes Plásticas, deu-me alguma liberdade como criador de moda e penso que terá sido uma das razões de ter conquistado algum destaque no panorama da moda. Por isso este tema não poderia encaixar melhor na minha maneira de estar como criativo, porque nem entendo sequer que aos criadores imponham regras e limitações no contexto do seu trabalho artístico, obviamente.

 

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionado por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

Confesso que já fui mais inconsciente em relação a essas questões e também mais rebelde no que se refere ao incumprimento de certos deveres, como por exemplo no que diz respeito aos meus clientes. Agora já penso um pouco neles quando crio e sou, por esse motivo, um pouco mais comedido, de

certa forma poderei dizer que menos livre. A opinião do público nunca me condicionou  muito e creio que dificilmente isso acontecerá. Outro dos fatores de alguma perda de liberdade é quando criamos de uma forma mais industrial e isso já me aconteceu algumas vezes. Por questões de viabilidade, temos que fazer algumas cedências.

 

-  Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?

Que devemos seguir sempre o primeiro impulso e sermos fiéis à nossa intuição criativa.

 

-  Quais as suas propostas para o inverno 2013?

Peças com estampados muito exuberantes em combinação com peças mais minimais em cores cinza, pretos, castanhos, branco. Silhueta justa e longílinea com oversized e curta. Layers de organza a criar o efeito sombra  sobre tecidos coloridos e estampados. Leve evocação ao universo oriental.

 

 

 

 

RICARDO PRETO

 

ModaLisboa - Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Ricardo Preto - Gosto da palavra Freedom e a primeira sensação que tive quando soube o tema foi igual à da edição Love. São palavras de que gosto imenso. Por outro lado, de repente fiquei preocupado se este tema seria uma chamada de atenção para sermos livres e criarmos ainda mais à frente. Fiquei dividido entre o gostar muito e o pensar se me estariam a chamar a atenção.

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionado por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

Acho que posso ser livre durante uns instantes, mas sou necessariamente condicionado. Mas não considero que isso seja mau, pelo contrário é como se fosse mais um desafio dentro da área que decidi seguir.

- Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?

Aprendi que não sei nada, cada vez sei menos. Sempre que assumo essa postura sinto-me mais bem sucedido e tenho uma convivência muito melhor com os que me rodeiam.

- Se fosse convidado a criar um monumento para “amantes de moda” como seria?

Não criaria um monumento mas talvez um filme. Acho que seria a melhor maneira de lhes passar algo sobre a moda, porque poderia misturar música, texto, movimento, acting, e se fosse bem filmado as próprias texturas dos materiais.

- Quais as suas propostas para o inverno 2013?

Para o próximo inverno proponho uma coleção muito sóbria, com fazendas sem brilho e sedas mais densas. A coleção chama-se Luz Atlântica porque tem a ver com as cores que para mim mais se destacam em Portugal. É uma coleção feita a partir de Portugal, a pensar no mundo, com cortes novos em relação àqueles que costumava explorar. Há uma grande preocupação da minha parte em fazer algo inspirado no agora e no futuro. Não fui visitar os anos 20, nem os 30, os 50 ou 60, mas procurei uma nova silhueta.

 

 

 

 

 

 

BACKSTAGE l 10 DE MARÇO

 

 

EM CONVERSA COM:

 

VALENTIM QUARESMA

 

ModaLisboa - Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Valentim Quaresma - É um tema bastante pertinente tendo em conta os dias em que vivemos. A liberdade tem de estar presente em todos os momentos da nossa vida.

 

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionado por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

 - Tenho total liberdade criativa, não sigo tendências mas sim o desenvolvimento da minha própria pesquisa, a opinião do público é muito importante pois é ele que compra e isso não condiciona a criação, pelo contrário, incentiva.

 

-  Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?

Que devo de confiar sempre no meu instinto!

 

- Se fosse convidado a criar um monumento para “amantes de moda” como seria?

- Divertido!  

 

- Que projeto vai apresentar nesta edição? 

O projeto foca-se na ideia de vírus como uma forma de propagação em cadeia de ideias e formas. A pesquisa feita com base em padrões pictóricos microscópicos, combinada com os diversos materiais selecionados origina formas que vão sendo transpostas de uma peça para a outra. Recorre-se à tecnologia e à experimentação de diversas soluções, originando diferentes resultados na abordagem de um mesmo tema.

 

 

 

 

ELEUTÉRIO E MIA
(OS BURGUESES)
 

ModaLisboa - Como interpretam o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Os Burgueses - A urgência de todos nos libertarmos de conceitos pré concebidos sobre a moda. A liberdade que devemos ter para criar e introduzir novas concepções, novos modos de falar a moda e a abertura para um novo olhar sobre a criação de autor em Portugal. Mas a pergunta que deixamos é: Estaremos preparados para ser livres?

 

- Consideram que têm total liberdade criativa ou sentem-se condicionados por tendências, pela opinião do público e outros fatores?

- A moda é um sistema e isto é para todos. Ou por ventura não estará o Lagerfeld condicionado quando cria para a Chanel? Mas isto não tem de ser necessariamente mau. Se não existissem condicionantes como seria possível marcar uma semana de moda dentro de uma data específica? Em tudo na vida somos condicionados. Mas a beleza da criação encontra-se na necessidade que nos urge de dialogar dentro das condicionantes, das tendências e da opinião pública. Criar é ter algo a dizer ao mundo, é fazer parte dele... de outro modo não faria sentido ter uma marca com coleções sazonais.

 

- Qual a “lição” mais importante que já aprenderam ao longo da vossa (ainda breve) carreira?

- A nossa carreira ainda é muito curta para que tenhamos uma “lição” muito especial para transmitir. O que aprendemos até agora é que se não acreditar-mos no que fazemos nem vale a pena fazer.

 

Se fossem convidados para criar um monumento para “amantes de moda” como seria?

- Para já seria noutro país. Se existissem verdadeiros fashion victims em Portugal a moda já teria dado um avanço considerável nas vendas. Mas aos poucos que andam por aí teremos sempre todo o respeito, pois apesar de estarem conotados como vítimas do sistema a verdade é que são apaixonados por aquilo que mais nos apaixona também: A criação de roupa, a criação de sonhos.  Por certo construiríamos um monumento à paixão pela moda.

 

Quais as vossas propostas para o inverno 2013?

- Para este inverno propomos uma viagem em descoberta do que nos une uns aos outros. Uma caminhada até à paixão. Pele sintética, sarja, popeline, fazenda e malha jersey em pretos, cinzas, azul escuro e vermelho num look casual para o dia e para a noite entre a estrutura superior e a fluidez inferior. Um aviador, um pequeno príncipe e uma rosa cruzam-se num tornado espacial à procura do lugar a que chamar CASA. 

 

 

 

 

DANIEL DINIS

 

ModaLisboa - Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Daniel Dinis - É o que mais precisamos neste mundo - mas também não há liberdade sem se assumir responsabilidade. A liberdade da expressão, seja no sentido da criatividade ou no da letra e opinião, é o que define um povo e a sua cultura.

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionado por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?
Acho que para um designer o fator "cliente" sempre faz parte do processo criativo sem ser uma restrição. O resto, sim, é liberdade criativa. 

- Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?
Que os erros são a melhor escola para enfrentar o caminho... 

- Se fosse convidado a criar um monumento para “amantes de moda” como seria?
Seria um logótipo gigante em acrílico vermelho a dizer "SALE"!

- Quais as suas propostas para o inverno 2013?
É uma coleção com base no sportswear e que encontra a sua inspiração na Mongólia, no Tibet, no artista Peter Doig...
Misturam-se personagens como monges tibetanos, baseball players, nómadas, martial art fighters, vagabundos...
Outro pilar forte da coleção é a ideia da reciclagem que se encontra em peças feitas dos restos de tecidos de coleções e produções anteriores - algo que já há bastante tempo faz parte do meu trabalho.

 

MARIA GAMBINA

ModaLisboa -   Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Maria Gambina - Interpreto como um grito de angústia ou alivio. 

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionada por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?
- Considero que tenho total liberdade criativa, a única coisa que por vezes me condiciona é a falta de poder económico para por em prática todas as minhas ideias. 

- Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?
A "lição" mais importante que aprendi ao longo da minha carreira foi nunca mais ter um empregado / colaborador por contrato. 

- Quais as suas propostas para o inverno 2013?
A minha coleção chama-se Otherness,  é uma coleção urbana com uma forte influência no hockey. A silhueta é em "Y" onde o muito curto e o extra-large se conjugam. Existe uma reversão nos materiais e uma componente gráfica muito acentuada. Os estampados transportam-nos para o universo de Maurits Cornelis Escher, a atitude é irreverente, influenciada em Kate Tempest  e as cores remetem-nos para o ambiente de Elizabeth Fraser, vocalista do grupo Cocteau Twins. Otherness é um mix de influências, que surgem na experiência da alteridade.

 

MIGUEL VIEIRA

ModaLisboa -  Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Miguel Vieira -  Liberdade. Liberdade de pensamento, liberdade de expressão, liberdade criativa.

 

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionado por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

A liberdade é essencial para se criar pois só assim o criador se identificará com o seu trabalho, no entanto é importante trabalhar tendo em consideração os aspetos referidos. É vital seguir as tendências, bem como a opinião do público, uma vez que queremos chegar a um público exigente, oferecendo criações que não só reflitam o ADN da marca, mas que também se adeqúem às culturas dos “quatro cantos do Mundo”.  

 

- Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?

Perseverança.

 

- Se fosse convidado a criar um monumento para “amantes de moda” como seria?

O monumento ideal seria aquele que se pudesse renovar a cada seis meses, abrangendo todos os estilos e seguindo as tendências de estação para estação.

Poderia ser um espaço ou até um mural, desde que houvesse uma identificação forte com o objetivo.

 

- Quais as suas propostas para o inverno 2013?

Acima de tudo modelagem perfeita e tecidos de qualidade. Tecidos brocados, peles, pelos e tecidos de pedraria foram os meus eleitos para esta estação. Design clássico aliado a detalhes contemporâneos. Uma coleção que redefine e revitaliza a forma de abordagem à cultura e raiz do fado.

 

 

 

 

NUNO BALTAZAR

 

ModaLisboa - Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Nuno Baltazar - É curioso porque quando comecei a pensar na coleção não sabia o tema da ModaLisboa. Às vezes coincide como meu trabalho, e desta vez aconteceu isso, porque trabalhei a minha visão sobre o universo da Pina Bausch. Há esse trabalho de movimento, expressão e exteriorização de emoções e sentimentos que eu acho que tem muito a ver com a liberdade e com a liberdade artística que ela tinha.

 

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionado por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

Não acho que tenha liberdade total. Acho que a moda não é arte, mas tem situações em que se transforma em arte, porque, por exemplo, não há arte que passados 6 meses esteja em saldo, pelo contrário. Acho que somos condicionados, eu sou condicionado à mulher portuguesa, ao tipo de mulher que é e como pensa, mas tento conduzi-la a outro caminho e a melhorar-se. Sou sempre condicionado por isso, mas por tendências não: sou atento ao trabalho das outras pessoas, mas não me condiciono pelo que é feito pelas outras marcas. Não tenho liberdade total e acho que isso é bom: o sermos condicionados pode ser, muitas vezes, um input para nos superarmos.

 

- Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?

A lição aprendi-a cedo. Acho que para nós, criadores, é muito importante aprendermos a olhar para o que fizemos, sabermos reconhecer o que está bem e sentirmo-nos felizes com isso. Viver as vitórias, mas estar também atento ao que está mal, ter sentido crítico apurado, e nunca esquecer isso na coleção seguinte, essa responsabilidade de melhorar. Temos que ter a capacidade de melhorar, e aprender a ser crítico do nosso trabalho.

 

- Se fosse convidado a criar um monumento para “amantes de moda” como seria?

Seria um porco mealheiro gigante, dourado, com muitas ranhuras. E só eu teria a chave para meter o dinheiro todo dentro!

 

- Quais as suas propostas para o Inverno 2013?

Este inverno tem a ver com o universo da Pina Bausch. Por vezes acontecem determinadas coisas, pessoas que passam pelo nosso caminho e tudo caminha numa determinada direção, e foi isto que aconteceu esta estação. Cruzei-me com uma aluna minha, que é escultura, a Daniela Antunes, e apaixonei-me pelos seus scketchbooks. Ela estava a fazer uma pesquisa sobre a Pina Bausch, fiquei fascinado pela pesquisa e tive imensa vontade de trabalhar este tema, e acabámos por fazer um trabalho de equipa. Outro dos pontos de partida foi a música The man I love, de George Gershwin e Ira Gershin, que curiosamente entrou numa das peças da Pina Bausch. A coleção não é uma inspiração na Pina Bausch, mas sim uma interpretação daquilo que eu sinto em relação a ela e dessa música que fala da mulher que espera por um homem grande e forte. Portanto não vamos ter vestidos, lingeries, nem sedas esvoaçantes. Vamos ver uma coleção pensada a nível de desenho de movimento, interceções de drapeados e de franzidos e efeitos de trompe loeil, falsas sobreposições que são obtidas a partir de jogos gráficos em cores discretas quase ton sur ton. Há um grande trabalho de ombros, braços fortes e mangas volumosas formadas com pregas. Depois há uma fluidez que contrasta com peças mais masculinas e aí sim tem a ver com aquilo que víamos no trabalho de Pina Bausch. As cores refletem isso também: o nude, o preto que refletem o universo clássico da coreógrafa, vermelhos e laranjas, tons botânicos que também têm a ver com a celebração da primavera, tons terra ocre e barro. Há um trabalho quase visceral a nível de cor e muito natural, mas com uma carga dramática muito própria da Pina Bausch e que eu acho que também é muito característica do meu universo.

 

 

 

 

NUNO GAMA

 

ModaLisboa - Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Nuno Gama - Não segui esse tema, segui o meu.

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionado por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?
Nesta fase do meu trabalho, tento ir ao encontro daquilo que os meus clientes esperam de mim. Tudo o resto se relativiza em função da opinião deles. Nem acho que seja uma questão de liberdade mas sim de inteligência de perceber que a moda é um meio de comunicação, e caso o recetor não receba a mensagem o ciclo fica incompleto. Há que estar muito atento, ouvir bem, tudo e todos e reagir. Qual a minha postura sobre o assunto. Penso que é isso que os clientes esperam de mim.

- Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?
The greatest thing we can ever learn is love and be loved in return...

- Se fosse convidado a criar um monumento para “amantes de moda” como seria?
Não faço a menor ideia, teria de pensar na altura. Talvez algo próximo de uma mega biblioteca, com todas as informações do Mundo inteiro

- Quais as suas propostas para o inverno 2013?

Nesta estação, cada vez mais elitista, o corte, a vestibilidade e a excelência dos materiais, estão sob códigos muito mais “clean” e despojados de artifícios supérfluos. O detalhe deixa de ser visível e passa a ser um exclusivo de requinte das próprias peças e muito mais, do seu utilizador.

O estilo e a imagem atingem o seu expoente máximo, assentando num requinte luxuoso da coordenação dos materiais e das peças, deste homem amadurecido, seguro de si e cada vez mais cuidado. O blazer, de construção tradicional, torna-se indispensável, com camisa ou malhas de materiais luxuosos surpreendentes, a calça continua justa, perfazendo uma silhueta mais longilínea e o sapato de atacador regressa em força, completando a imagem, destes novos “gentlemens” urbanos.Com o frio regressa a Samarra, os grandes sobretudos e as grandes golas de raposa que para além do conforto climatérico, emolduram o rosto. Contrastando em sobreposição e elegância no volume desta silhueta contemporânea.Os materiais quase todos com acabamentos técnicos, de proteção climatérica, anti-odores e stress, misturam-se com a riqueza das grandes lãs, das caxemiras e dos algodões mercerizados, que conferem o toque especial às peças.

 

 

 

 

 

 

BACKSTAGE l 11 DE MARÇO

 

 

EM CONVERSA COM:

 

RICARDO ANDREZ

 

ModaLisboa - Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Ricardo Andrez - No panorama atual funciona como um bálsamo!

 

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionado por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

Tento ser o mais fiel ao conceito explorado!

 

- Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?

Tudo é possível!

 

-  Se fosse convidado a criar um monumento para “amantes de moda” como seria?

Apenas um cabide vazio.

 

- Quais as suas propostas para o inverno 2013?

A coleção foi direcionada para uma estética do falso, como que a aparência sport seja fundamental e um mecanismo de sobrevivência, num contexto social (e jamais natural). O que conta é só mesmo enganar o olhar e iludir na perspetiva. Como referência a esta ideia e simbolizando tudo isto, o galã da época final de ouro de Hollywood, Rock Hudson.

 

 

 

 

MARTA MARQUES E PAULO ALMEIDA (MARQUES’ ALMEIDA)

 

ModaLisboa - Como interpretam o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Marta Marques e Paulo Almeida - Freedom significa para nós podermos trabalhar segundo a nossa visão e princípios!

 

-  Consideram que têm total liberdade criativa ou sentem-se condicionados por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

De todo! É quando essas condicionantes falam mais alto que o teu instinto e a tua intuição que tudo começa a correr mal. Essa pressão existe e nós sentimo-la bastante mas fazemos um esforço desmesurado para que isso não afete a nossa liberdade criativa!

 

-  Qual a “lição” mais importante que já aprenderam ao longo da vossa carreira?

Rodeia-te de uma boa equipa que te entende e que gosta de trabalhar contigo e faz tudo o que puderes por eles como fazem por ti. De certeza que desta forma tudo corre bem e é uma experiência super positiva!

 

-  Se fossem convidados a criar um monumento para “amantes de moda” como seria?

Uma long sleeve básica branca, fit mais normal possível, jersey mais normal possível.

 

-  Quais as vossas propostas para o inverno 2013?

Uma evolução da nossa procura por um código de vestuário juvenil, effortless e cool. Toda a estética grunge e 90s aparece desta vez colocada fora do contexto de cidade cinzento e urbano passando para uma realidade de natureza suburbana poluída. Denim tratado com a mesma estética crua e brutal que temos vindo a trabalhar, desta vez tingido,  aparece com propostas de pele distressed e malhas feltradas em mohair. A introdução de amarelo ácido enquadra-se no novo imaginário e serve como ponto de ligação entre os restantes materiais.

 

 

 

 

RICARDO DOURADO

 

ModaLisboa -  Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Ricardo Dourado - Este tema permite-nos encontrar novas soluções e abordagens mais pessoais... largar velhos hábitos, repensar atitudes e valorizar o que temos de bom!!

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionado por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?
Não, de modo algum sinto-me condicionado, no entanto é fundamental a opinião do público por quem tenho um enorme respeito. Admito ser permeável às tendências, pois grande parte do meu trabalho é pesquisa, nesse sentido estaria a mentir se dissesse o contrário... No final entendo o meu projeto como um trabalho de autor e para além de tudo interessa-me desenvolver a minha perspetiva, se estou coincidente com a tendência ou não, pouco me importa.

- Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?
Nunca acreditar de mais nos outros! Termo-nos a nós como força motriz.

- Quais as suas propostas para o inverno 2013?
Para o próximo inverno apresento a minha primeira coleção de homem. Inspirada nos Rioters, é uma coleção com grandes volumetrias, fortes contrastes de materiais e por vezes violenta. Partimos de uma pesquisa exaustiva de imagens, vídeos e trabalhamos sob o universo de Asap Rocky. Acessórios metálicos que propõem ações de rua, casacos oversize diretamente sobre a pele ou em contraste com mousselines muito leves e 3 comprimentos no mesmo look caraterizam as minhas propostas para esta coleção.

 

PEDRO PEDRO

ModaLisboa - Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Pedro Pedro - Expressão, provocação, desejo, liberdade…

 

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionado por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

- Somos sempre condicionados por factores externos, no processo de criação. As minhas coleções são sempre um reflexo pessoal de tudo o que me influenciou no momento, filtrado através da minha sensibilidade.

 

- Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?

- Nada é definitivo. Tudo é passível de transformação, salvo a nossa consciência.

 

- Se fosse convidado a criar um monumento para “amantes de moda” como seria?

- Seria provavelmente algo que interagisse com o ar/vento, nunca estando imóvel, em constante transformação, num material leve e translúcido.

 

- Quais as suas propostas para o inverno 2013?

- Um mix de inspirações diferentes, para um resultado streetwear, em materiais couture.

 

 

 

 

ALEXANDRA MOURA

 

ModaLisboa - Como interpreta o tema desta edição da ModaLisboa: Freedom?

Alexandra Moura - Uma liberdade de expressão, de criatividade, de sentimentos, uma liberdade de criar novos conceitos para uma nova forma de estar na vida.

 

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionada por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

- O meu ato criativo é de total liberdade, um estado intuitivo. No meu trabalho não sigo tendências, nem a opinião do público. Isso seria condicionar-me e perder identidade, seria um verdadeiro conflito interior. Seria não ter certezas do meu trabalho o que não era de todo positivo no produto final.

 

- Qual a “lição” mais importante que já aprendeu ao longo da sua carreira?

- Seguir sempre a minha intuição.

 

- Se fosse convidada a criar um monumento para “amantes de moda” como seria?

- Sinceramente não sei!

 

- Quais as suas propostas para o inverno 2013? 

“Agri…doce” é o conceito para esta coleção e vem de uma necessidade de

trabalhar o confronto entre linhas mais estruturadas e rígidas e detalhes e formas mais românticas. Pretende-se, com isto, a fusão entre um mundo urbano e o mundo rural, em que os pormenores se fundem e entram num equilíbrio perfeito.

 

AGRI- linhas mais pesadas e estruturadas, tendo como base o preto, uma vertente mais urbana e contemporânea.

DOCE- as linhas e os detalhes mais românticos, bem como a utilização de tecido com motivo floral e alguns apontamentos de branco e rosa claro, trazem assim ao tema uma vertente mais rural.

 

A coleção brinca com alguns opostos (de forma subtil): feminino / masculino; estruturado / romântico; leve / pesado; largo / justo; curto / comprido; rural / urbano

 

Simples e subtil no seu estado único, mas que se torna “agri…doce”, num determinado momento, pela sua imagem global.

 


FILIPE FAÍSCA

 

ModaLisboa - Como interpreta o tema desta edição da Moda Lisboa: Freedom? 

Filipe Faísca - Pertinente.

 

- Considera que tem total liberdade criativa ou sente-se condicionado por tendências, pela opinião do público ou outros fatores?

Sim, completamente condicionado.

 

- Se fosse convidado a criar um monumento para "amantes de moda" como seria? 

Um sapato.

 

- Quais as suas propostas para o inverno 2013?

Uma silhueta estruturada, ideia de proteção.